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Posted by : Unknown 3 de dezembro de 2014

A amputação de um membro do corpo é um grande desafio na vida de uma pessoa, podendo ser igualado à perda de alguém próximo. No Brasil, estima-se que a incidência de amputações seja de 13,9 por 100000 habitantes/ano; elas podem ocorrer por diversos motivos, como acidentes e doenças, e serem feitas tanto em membros superiores quanto inferiores. O que há algumas décadas era sinônimo de uma vida limitada, com pouca autonomia, hoje, apesar das dificuldades, é um obstáculo possível de contornar, graças à evolução dos tratamentos e ao uso de aparelhos cada vez mais leves, duráveis e sofisticados para locomoção, dentre eles, as próteses mecânicas.
A primeira prótese para substituição de membros do corpo é datada do século 3 a.C., era uma perna feita de cobre, madeira e couro, fabricada basicamente por uma questão estética, num modelo de produção de próteses que não sofreu significativas evoluções até a Primeira Guerra Mundial. Depois da guerra, havia um grande contingente de amputados que necessitava ser protetizado. Na época da Primeira Guerra, já existiam próteses com articulações de joelho, porém seu custo era elevado, então, os componentes tinham de ser confeccionados individualmente em aço.


Modelo de uma prótese usada até o século XX.

De lá para cá, a técnica evoluiu muito, possibilitando uma melhor reabilitação e se preocupando mais com a funcionalidade, ao invés da estética. Hoje, as próteses mais modernas são feitas em fibra de carbono, um material mais resistente e leve do que o aço; e o processo de produção se tornou muito mais fácil, já que algumas empresas deste ramo começaram a utilizar impressoras 3D para a fabricação em massa de próteses, em que é feito um molde virtual da prótese para ela ser “imprimida” (impressa) depois; em oposição ao modo comum de produção de próteses, que usam peças metálicas em sua maioria, que tiveram que passar por processos anteriores, como fundição e laminação. Além do custo de produção mais baixo e da maior velocidade de produção, essa técnica permite a confecção de modelos únicos de próteses, podendo atender a necessidades específicas de um amputado.




Exemplos de próteses usadas hoje em dia.

O objetivo das próteses é reabilitar o paciente para uma vida normal e fazer com que ele possa realizar boa parte das coisas que gosta, como atividades de lazer. E o esporte é uma grande maneira de inclusão de um amputado na sociedade, e a relação de amputados com atividades esportivas rendem grandes histórias de superação, que servem de exemplo para muitas pessoas que passam por momentos difíceis na vida.

Dois grandes exemplos de superação entre amputados são do italiano Alessandro Zanardi e do brasileiro Alan Fonteles.

O piloto Alessandro Zanardi é bastante conhecido nas pistas, com uma longa passagem pela Fórmula 1, além de ser bicampeão da CART, antigo nome da Fórmula Indy, em 1997 e 1998. Com uma carreira experiente e já consolidada, a vida de Zanardi teve uma intensa reviravolta em 2001. Durante uma corrida da CART na Alemanha, após fazer um pit-stop, Alessandro perdeu o controle do carro na pista auxiliar de saída dos boxes, rodou em direção à pista principal e foi atingindo em cheio pelo carro do canadense Alex Tagliani, que estava a mais de 300 km/h. Zanardi foi levado em estado de coma a um hospital de Berlim, onde, após uma cirurgia que durou cerca de três horas, suas duas pernas, que foram seriamente feridas, foram amputadas acima da altura dos joelhos.


Acidente em 2001 quase matou Zanardi, e foi a causa da amputação das suas pernas.

Apesar de todas as dificuldades, ele sobreviveu, e pouco mais de dois anos após o acidente já usava próteses para se locomover, e o mais incrível: voltar a correr. Em 2003, o italiano pilotou um carro da Indy nas 13 voltas que faltavam no circuito de Lausitzring antes de ter se acidentado.

Em 2005, Zanardi voltou a competir, agora em campeonatos da WTCC, categoria de turismo, e ganhou o prêmio Laureus, considerado o Oscar do esporte, na categoria “Retorno do ano”. Enquanto disputava o WTCC, começou a praticar o handbike, espécie de bicicleta pedalada com as mãos, voltada a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Logo em 2007, já chegou em quarto na maratona de Nova York, mostrando o início de sua dedicação ao novo esporte. Depois, ainda disputou um campeonato mundial e maratonas importantes, como a de Veneza e a de Roma, antes de se tornar bicampeão paralímpico, em 2008 e 2012.

“Antes do acidente, eu olhava com compaixão, com pena, para as pessoas que hoje são como eu. Não achava possível ter uma vida feliz sem um corpo perfeito, completo. Depois de perder as pernas, mas não a vida, minha percepção mudou totalmente. Estive muito perto de morrer. Se a batida fosse 30 centímetros para trás, eu estaria perdido. Manter o otimismo e suar bastante na fisioterapia é o melhor que posso fazer hoje. É uma perspectiva e tanto num caso como o meu. Acidentes como aquele raramente deixam sobreviventes. Não posso reclamar. Tenho, na verdade, de agradecer. Quero agora viver com intensidade.”disse Zanardi, em entrevista à Revista Veja, quando perguntado de onde tirou forças para reagir à perda das pernas.


Hoje, Alessandro Zanardi, além de ter retornado às pistas, é um bicampeão paralímpico.

Alan Fonteles: da vida humilde no Pará, ao topo do esporte paralímpico brasileiro.

Alan Fonteles, paraense de Marabá, nasceu em 21 de Agosto de 1992 com uma deficiência congênita e, então, aparentemente sem solução – as suas duas pernas não se desenvolveram além de alguns ralos centímetros logo abaixo dos joelhos. Consequência: na teoria, ele jamais poderia sequer andar.

A história de vida de Fonteles demonstra a possibilidade ilimitada da superação de quem não aceita se render às dificuldades da vida. Sem condições financeiras de cuidar de uma criança especial, os pais, desempregados, foram até Belém, com o objetivo de conseguir ajuda para o menino, que, aos 9 meses de idade, ganhou as primeiras próteses, fornecidas pelo SUS.

Logo cedo, os pais já o inscreveram em aulas de natação, para que o esporte ajudasse no desenvolvimento.

“Ele tinha 1 ano quando o levamos para nadar. Aos 8, decidiu que queria fazer atletismo. A partir daí, começou a treinar sério e chorava para nunca faltar.” — conta a mãe, Cláudia Fonteles.

E foi aí que Alan começou a participar do Projeto Papo Cabeça, para iniciantes, em Belém, onde se aprimorou como corredor e como pessoa, e conheceu o brasiliense Rivaldo Martins, um competidor do Ironman, também deficiente físico.

Em 2007, Rivaldo conseguiu um patrocínio da Challenge Athletes Foundation, entidade que congrega esportistas deficientes de várias modalidades, para que o rapaz de Marabá, que já era conhecido por seu talento nas pistas, viajasse a São Paulo e obtivesse duas próteses ultra-modernas, com encaixes anatômicos, sob medida, e com lâminas de metal. Foi então que Alan entrou para a equipe paralímpica brasileira de Atletismo, onde deu um salto em sua carreira.

Em 2008, Alan disputou seus primeiros Jogos Paralímpicos, e conseguiu a medalha de prata no revezamento 4x100m, e fez história em 2012, ao derrotar o maior fenômeno do atletismo paralímpico até então, o sul-africano Oscar Pistorius, e conquistar sua primeira medalha de ouro paralímpica na prova dos 200m rasos.

Hoje, Alan é o atual campeão mundial de Atletismo nos 100 e nos 200 metros, sendo o dono do recorde mundial dessas duas provas, além de ter se tornado um ídolo e um exemplo no mundo inteiro.



"Desde criança, sempre fiz as coisas normalmente. Eu nunca fiquei falando 'ah, não vou fazer porque não consigo'. Minha mãe sempre me tratou como uma criança normal. Meu pai também. Então, sempre passei para as pessoas que não é porque eu uso prótese que eu tenho de ser tratado de forma diferente"– Alan Fonteles.



Referências:
http://www.fiepbulletin.net/index.php/fiepbulletin/article/view/1449
http://www.revistaaluminio.com.br/recicla-inovacao/27/artigo215663-1.asp
http://passofirme.wordpress.com/2011/03/11/a-incrivel-evolucao-das-proteses-na-medicina-moderna/
http://orthoenam.skyrock.com/2398747349-HISTORIA-DAS-PROTESES.html
http://esporte.ig.com.br/automobilismo/2012-09-11/historia-de-alex-zanardi.html
http://esporte.uol.com.br/atletismo/ultimas-noticias/2013/08/01/fenomeno-paraolimpico-alan-fonteles-agradece-a-deus-por-deficiencia.html
http://veja.abril.com.br/300102/entrevista.html



Alunos:
Gabriel Augusto
Henrique das Almas
Kleller Lima
Leandro Cassel
Paulo Mori
Matheus do Carmo
Thales Martins.

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